Quando criança sonhava em ser um super-heroi. Mas era muito
difícil voar e ter uma super força. Passei a brincar de policia e ladrão. Queria
ser o policial. Na minha infância era a figura que mais se aproximava do meu
sonho de me tornar um super-heroi. Minha bicicleta se tornava minha viatura,
minha mão fazia com o polegar e o indicador a minha arma. E a arma não era
influencia de violência e sim o instrumento de combate ao mal. Com ela rendia os
ladrões e os prendia. E ainda dizia: “você está preso em nome da lei”. Claro que
reproduzíamos isso dos filmes policiais americanos da década de 80.
Ainda na infância, gostava de ver os filmes de guerra. Os militares
do exercito invadindo cidades, atirando, matando, morrendo pela pátria e voltando
ao seu país como verdadeiros herois. Era bonito de ver. O sonho militar. A honra,
a verdade, a disciplina. E esta nunca foi problema pra mim. Meu pai era um verdadeiro
cultivador da hierarquia e da disciplina. Aprendi a respeitar às autoridades,
aos meus pais, aos mais velhos, à professora, à policia. Aprendi que os meus
verdadeiros amigos encontraria no seio familiar. Aprendi a não pegar nada de ninguém
e o que podia ter era o que meus pais podiam me dar. Aprendi a cumprir horário,
se meu pai dissesse 7h e eu chegasse 7h:01, era surra na certa. Aprendi a ter princípios
e valores que carregarei pra vida toda.
Graças ao incentivo de meu pai, entrei na Policia Militar. Realizava
meu sonho de ser policial e realizava o sonho de meu pai em ser um militar. Parecia a junção perfeita, até o curso de formação. Perdi minha identidade. Agora
passei a ser chamado de aluno, de “novinho”, de “bicho”, de “bisonho”, de “monstro”,
aprendi que Soldado era “SD”, “Sem Direito”. Aprendi que a ordem unida era a
mais importante matéria daquele curso. Aprendi que a ter medo e não respeito. Aprendi
ver a humilhação como forma de ensinar a subordinação. Aprendi que a
ponderação, o ato de pensar e refletir, era entendido como uma afronta ao superior.
Aprendi, que calado sobreviveria por mais tempo nesse sistema.
Hoje, percebo que o medo é a nossa maior prisão. O medo nos paralisa,
o medo não nos deixa sonhar, o medo não nos deixa avançar, o medo nos mantem
nessa redoma, o medo se constituiu a maior arma de manutenção do poder. O que é
a prisão física comparada a prisão da alma? E a conformidade é a corrente que
nos mantem presos ao medo.
O super heroi morreu com minha infância, o
policial agoniza, e o militar? O militar tem um futuro incerto, ainda resiste, mas
ainda acredita na libertação desse sistema nefasto.
Will Guerreiro
Tirando algumas correções gramaticais, o texto é muito lúcido e racional.Reflete a realidade do que se passa na caserna em uma Instituição que preza mais em ser Militar do que ser Policial, e o povo é quem sofre essa inversão de valores!
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