segunda-feira, 18 de abril de 2016

UNICA ENTREGA AO COMANDO DA PMSE DEMANDAS DE SEUS REPRESENTADOS


Na tarde desta segunda-feira, 18, o Coronel Marcony Cabral Santos - Comandante Geral da PMSE - recebeu a UNICA de forma muito cordial em seu gabinete. Na ocasião, protocolamos oficio e expusemos as demandas de nossos representados, estas fruto de muito debate entre a classe. Segue o conteúdo na íntegra:


Oficio n° 02/2016                                                     
Aracaju, 18 de Abril de 2016.


Exmº Sr.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR COMANDANTE DA PMSE
MARCONY CABRAL SANTOS


Assunto: PROPOSTAS AO COMANDO




A União da Categoria Associada-UNICA, uma associação civil composta por policiais e bombeiros militares do Estado de Sergipe, no uso de suas atribuições, vem mui respeitosamente através deste, apresentar propostas discutidas dentro da classe acerca do Projeto de Subsidio e Promoção Por Tempo de Serviço, e das Condições de Trabalho dos Profissionais.

DO PROJETO DE SUBSIDIO E PROMOÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO

Durante todo o ano de 2015 se discutiu uma minuta de um projeto de lei que trata do Subsidio dos Servidores Militares do Estado de Sergipe. Porem, um projeto de tamanha complexidade e que atinge cada servidor diretamente, não foi debatido de forma ampla para que se aperfeiçoasse e amadurecesse o projeto.

Com a urgência do tema, iniciou-se um amplo debate entre os servidores militares, praças e oficiais se debruçaram em encontrar soluções e buscar dentro da União, o Consenso. Já que, por exemplo, no entendimento dessa Associação, o Subsidio apenas não era suficiente para reparar os danos sofridos pela classe ao longo dos últimos anos, perdas salariais que chegarão aos 30%, levando em consideração os índices da inflação acumulada nos anos de 2011, 2013, 2015 e 2016. 

A Carreira Profissional não poderia ficar de fora deste debate, afinal, a ascensão aos cargos superiores conquistados ao longo de seu tempo de serviço na corporação e pelo aperfeiçoamento constante desses profissionais se traduz por VALORIZAÇÃO. O que hoje está bem longe do ideal. Temos casos de Soldados que completaram quase dois terços de tempo de serviço e não subiram um degrau sequer na carreira, outros com mais de 10 anos no mesmo cargo, e ainda aqueles que labutaram ao longo de 30 anos de serviço e não tiveram uma carreira digna por conta de entraves da legislação e de vontade política.

Atualmente, além da pouca oferta de vagas para a ascensão a carreira de praças, o COMPORTAMENTO como critério para a promoção tem sido uma dura pena aplicada no âmbito administrativo. Pois, além de terem cumprido pena privativa de liberdade, pecuniária ou restritiva de direito, estes homens também sofreram pena administrativa, já que em virtude da condenação o comportamento de muitos foram reclassificados para ‘mau’; perderam a oportunidade de ascender na carreira e ainda testemunharam colegas de farda mais recrutas que os mesmos serem promovidos (prejuízo moral). Apesar de todas as sanções sofridas pelos aguerridos policiais, muitos deles ainda continuam desenvolvendo suas funções na atividade fim.

Invocamos o princípio non bis in idem (não repetir sobre o mesmo), usado no direito penal e processual penal, que estabelece que ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo fato (crime). O bis in idem no direito penal seria a não observância desse princípio, apenando um indivíduo pelo mesmo crime mais de uma vez. Vemos isto claramente no dia-dia de nossos colegas de farda, que muitas vezes em decorrência de seu serviço policial fora condenado pela justiça e também condenado pela Instituição, por força de uma legislação questionável, quando não lhe dá o direito de subir na carreira que deveras é árdua e nem sempre justa. 

 O Subsidio aliado a Promoção Por Tempo de Serviço, acreditamos ser um caminho a trilhar em meio a tantos embrolhos internos e externos. Onde o principio da Isonomia, da Razoabilidade, da Eficiência, da Finalidade, em fim, do respeito às garantias básicas desses profissionais em segurança pública foram observados.

No entanto, fazemos uma ressalva ao § 7º do Art.6° da Minuta apresentada, in verbis:

“§ 7º A partir da publicação desta Lei Complementar os claros dos cargos de entrada (2º tenente) dos quadros QOAPM, QOABM, QOMPM, QOEBM/Mús, QOEBM/Mnt e QOEPMAS somente serão preenchidos quando da passagem para a reserva remunerada de seus integrantes.”

Que, esse parágrafo traz um limitador que prejudica substancialmente a carreira das Praças na ascensão aos Quadros. Sabemos que os prejuízos ao longo dos anos a esses homens e mulheres são irreparáveis, por conta de limitações da legislação ao acesso a carreira profissional. Temos a oportunidade histórica de romper barreiras e quebrar paradigmas em nome do coletivo. Entendemos que os limitadores naturais já existem por conta da idade, das enormes turmas e por conta do tempo de serviço dos que estão mais perto de ascender aos respectivos Quadros. Para trazer um equilíbrio nas expectativas que esta minuta traz ao seio da tropa e em especial aos Praças, sugerimos a seguinte redação:

“§ 7º A partir da publicação desta Lei Complementar os claros dos cargos de entrada (2º tenente) dos quadros QOAPM, QOABM, QOMPM, QOEBM/Mús, QOEBM/Mnt e QOEPMAS serão preenchidos até que se atinja 03(três) vezes o numero de vagas atuais dos respectivos quadros.”
      
Com isso, queremos nos somar a este Comando na luta por estas garantias, trazendo segurança jurídica no que diz respeito ao Plano de Cargos e Salários a ser aplicado para os servidores militares deste estado.

DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO

Aproveitando esta rica oportunidade, queremos expor a este dedicado Comando os mais diversos relatos sobre as condições de trabalho dos policiais, na certeza que essa gestão buscará as soluções pertinentes em cada caso.

- TRANSPORTE

A PMSE, de forma acertada, adotou a postura de prover o transporte de seus policiais no deslocamento ao interior do estado. Resguardando a vida desses guerreiros, na medida em que não se submetem a estarem nos transportes regulares feito através de cooperativas, sujeitos a vulnerabilidade de sua segurança e a humilhação em que são submetidos por conta do passe livre legalmente instituído pelo Estado, sendo alvos de discriminação por parte dos motoristas e cobradores dessas cooperativas de transporte.

Infelizmente esse serviço foi suspenso. E com isso, nossos policiais tem se envolvido em confrontos com assaltantes com maior frequência nesses deslocamentos. Pedimos a este Comando uma solução a esta problemática.

- ALIMENTAÇÃO

Uma boa alimentação está diretamente ligada ao desempenho do profissional em seu dia-a-dia. Pois, problemas como desanimo, sonolência, mau humor, fadiga tem como principal causadora a má alimentação. Uma pesquisa divulgada pelo Journal of Occupational and Environmental Medicine – importante jornal norte-americano na área médica – apontou que pessoas que comem refeições saudáveis têm melhor desempenho no trabalho.

Os dados do estudo apontaram que funcionários que comem alimentos saudáveis durante o dia são 25% mais propensos a ter melhor desempenho de trabalho.
Considerando, a pesquisa Data Folha, um importante instituto de pesquisa no Brasil, publicada em 12 de Abril deste ano sobre o Preço Médio de Refeição para este ano tomando como base os índices inflacionários de 2015. Que aponta a cidade de Aracaju com uma média de preços conforme a tabela abaixo:

REFEIÇÃO
NORDESTE
ARACAJU
MEDIA GERAL
R$ 29,18
R$ 35,37
COMERCIAL
R$ 24,32
R$ 25,22
AUTO-SERVIÇO
R$ 26,84
R$ 25,67
EXECUTIVO
R$ 42,64
R$ 33,64
À LA CARTE
R$ 61,34
R$ 61,89
(Fonte: ASSERT, Data Folha, 2016)

Percebemos que, é preciso urgentemente avaliar o valor pago atualmente aos policiais na etapa alimentação que é de R$ 8,00 apenas. Valor este que não tem sido suficiente para proporcionar uma boa alimentação durante o desempenho de suas funções.

Além de pesar no orçamento familiar, já que no final das contas o policial precisa completar o valor de seu próprio bolso para se alimentar de forma descente e saudável.   

- COLETES BALÍSTICOS

A Portaria Interministerial N°02 de 15 de dezembro de 2010 estabelece as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública. E uma das importantes diretrizes está a Valorização da Vida que é:

a) Proporcionar equipamentos de proteção individual e coletiva aos profissionais de segurança pública, em quantidade e qualidade adequadas, garantindo sua reposição permanente, considerados o desgaste e prazos de validade.

b) Assegurar que os equipamentos de proteção individual contemplem as diferenças de gênero e de compleição física.

c) Garantir aos profissionais de segurança pública instrução e treinamento continuado quanto ao uso correto dos equipamentos de proteção individual.

d) Zelar pela adequação, manutenção e permanente renovação de todos os veículos utilizados no exercício profissional, bem como assegurar instalações dignas em todas as instituições, com ênfase para as condições de segurança, higiene, saúde e ambiente de trabalho.

e) Considerar, no repasse de verbas federais aos entes federados, a efetiva disponibilização de equipamentos de proteção individual aos profissionais de segurança pública.


Conjugamos essas diretrizes junto ao conceito de EPI, segundo a Norma Reguladora Nº6 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE):

“considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.” (NR6)

 Neste sentido propomos a elaboração de um estudo ergonômico para o principal Equipamento de Proteção Individual do Policial Militar que é o Colete Balístico, incluído pela Portaria Nº191 de 2006. A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) dispõe a seguinte definição:

“A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema.”

A Constituição Federal, em seu art. 7º, inciso XXII, regulamenta que:

“São direitos dos trabalhadores, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.”
 

Com isso, a saúde, a segurança e o bem-estar do profissional estarão sendo respeitados. Pois, é inadmissível, coletes balísticos que seriam individuais, serem utilizados de forma coletiva e insalubre, passados na troca de turno de guarnições suados e com odor
Levando ainda em consideração, a economia da instituição na compra de produtos mais adequados e com qualidade. Assim, evitará a aquisição de coletes balísticos demasiadamente grandes ou pequenos, evitando também o desperdício de recursos.

 - ARMAMENTO

Tem chegado a esta Associação reclamações relacionadas aos armamentos usados pelos policias recém-formados. Estão trabalhando com revólveres cal.38 com 06 (seis) munições, isso tem trazido certo incomodo e até uma insegurança a estes agentes, já que é inegável que apesar dos esforços da PMSE a violência é crescente como também o acesso ilegal às armas de grosso calibre e com poder de fogo por parte dos bandidos. Solicitamos providencias. 

Portanto, na luta pelo bem-estar, da saúde, da segurança e da modernização de nossa legislação, expomos estas propostas e demandas. Esta se Associação se apresenta de forma voluntária, espontânea e por força do dever estatuário na construção de debates, fóruns, elaboração de estudos relacionados às politicas publicas para nossa profissão.

Sem mais para o momento, agradecemos esta oportunidade e desejamos a este comando os mais sinceros votos de elevada estima e consideração.


 Atenciosamente,

Willanês dos Santos
-Presidente -


Quanto ao projeto em foco, o Comandante garantiu seu empenho pessoal na questão e ouviu nossa argumentação quanto ao limitador do parágrafo 7° na minuta. Ressaltamos as perdas da classe com a falta de Carreira Profissional e a importância de se atender a coletividade. 

Quanto ao transporte e alimentação, a PMSE se esbarra no orçamento limitado. O transporte poderá ser viabilizado ainda este ano, faltando alguns detalhes a serem feitos. A alimentação depende de aumento no orçamento da PMSE, mas já está sendo feito os estudos necessários para que sejam apresentados e acrescidos ao orçamento do ano que vem.

Quanto aos coletes balísticos, o mesmo se mostrou preocupado com a situação  e nos demonstrou que até aqui não se tinha dado uma lógica técnica nas aquisições e sim uma lógica comercial apenas. Apresentamos soluções e temos esperança que este Comando possa viabilizar coletes mais adequados em qualidade e em quantidade para nossos guerreiros.

Quanto ao armamento dos recém-formados, disse ter sido uma das prioridades. Através de contato com a PMESP, serão entregues a PMSE cerca de 500 pistolas, aguardando apenas o decreto do Governador de São Paulo para essa aquisição. É preciso ressaltar o empenho dessa gestão, já que o Estado afirmou não ter dinheiro para a aquisição de novos armamentos, o que nos envergonha profundamente. Precisamos urgentemente de políticas publicas e não politicas de Governo.

#SemSelfieComTrabalho

UNICA BASE FORTE

#OrgulhoDeSerPraça


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